RAMADÃ: A POLÊMICA DA INTERNET E AS PRÁTICAS RELIGIOSAS

Ramadã: a polêmica da internet e as práticas religiosas
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RAMADÃ: A POLÊMICA DA INTERNET E AS PRÁTICAS RELIGIOSAS

Ramadã: a polêmica da internet e as práticas religiosas – Liberdade de religião é um direito/garantia previsto em muitos documentos.  Alguns deles em âmbito internacional, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Convenção Americana e a Europeia de Direitos Humanos.
Da mesma forma, na maior parte das democracias modernas, assim como na brasileira, está prevista essa proteção.  Dessa maneira, o artigo 5º da Constituição Federal traz a liberdade de crença e de culto.
Apesar disso, frequentemente surgem casos e discussões sobre violação a esse direito.  Esses casos não estão restritos ao Brasil, ao contrário, ocorrem pelo mundo todo.  Anteriormente,  tratei sobre a Liberdade de Religião nos Estados Unidos e no Brasil. Clique aqui para ver.
Entretanto, nesse texto me restrinjo às práticas do islamismo. Afinal, o que é o islamismo e o Ramadã?

Origem do Islamismo

Em 2021 o Ramadã iniciou no dia 12 de abril. Isso por que o islamismo segue o calendário lunar e, portanto, a data não é fixa.
Primeiramente, é importante entender a origem dessa religião. Assim, o islamismo surgiu no século VII por Maomé, o profeta.  De fato, a religião surgiu no Oriente Médio. Naquele momento e região, a maior parte da população era politeísta.  Por isso, houve uma grande mudança para nova crença em um único Deus. Em muitos casos houve violência.
Após a morte de Maomé, o Império Árabe se expandiu.  A religião islâmica também foi propagada.  Mas não ficou restrita a região do Mar Mediterrâneo, Vermelho e Oceano Índico. Com o intenso fluxo migratório, os muçulmanos se espalharam pelo mundo.

Ramificação do Islamismo

Ao mesmo tempo, dentro da própria religião surgiram ramificações.  Alguns grupos mais conhecidos são os xiitas e sunitas. Elas possuem diferenças de interpretação da crença.  Mas, em geral, o islamismo segue preceitos básicos.  Está fundamentado no livro sagrado, o alcorão. 
Ademais, existem cinco pilares que sustentam a religião, que são: repetir a crença em um Deus único e em Maomé; rezar cinco vezes ao dia na direção de Meca; fazer o jejum durante o Ramadã; doar dois e meio porcento dos seus lucros pessoais; visitar a Meca uma vez na vida.
Aliás, as cidades de Meca e Medina, em que Maomé se tornaram sagradas.  Além dos dois locais, Jerusalém também é um local importante.  Esta última compartilhada com os cristãos e judeus. 
A religião islâmica proíbe o consumo de bebidas alcoólicas e da carne de porco.  Por fim, eles acreditam em profetas, sendo um deles, Jesus.

Islamismo pelo Mundo

Há países em que a maior parte da população segue a religião islâmica.  Mas, é muito importante destacar que religião é diferente de nacionalidade. Por esse motivo, muçulmanos ou não, todos devemos seguir as leis da nação em que vivemos.
Desse modo, há grandes diferenças em ser muçulmano na Arábia Saudita e no Brasil, por exemplo.
Nesse ano, muita discussão girou em torno das figurinhas criadas pelo Instagram nas redes sociais. Na verdade, é a primeira vez que a religião teve tanta visibilidade, principalmente no Brasil.

Ramadã: a polêmica da internet e as práticas religiosas

Claro que, diante da proporção que as redes sociais oferecem, também apareceram muitos oportunistas.  Alguns por desconhecimento, outros para obter vantagens da mídia, Enfim, as pessoas usaram os símbolos religiosos aleatoriamente.
Diante dos fatos, muitos muçulmanos apresentaram sua inquietação. Com razão, além de desrespeito à crença alheia pode até mesmo gerar violação ao direito fundamental.
Por outro lado, a polêmica gerou questionamento e, a possibilidade de conhecimento sobre o assunto. Então, seria um grande momento.

Conhecimento é a base para o respeito

Acredito que somente pelo conhecimento, as situações de violações e desrespeito possam ser alteradas.  Sem sombra de dúvidas, informação e ensino são as melhores formas para o respeito.
Sobretudo quando buscamos um mundo com diversidade e igualdade.
Minha experiência pessoal, morando em vários países, me fez conviver com pessoas de diversas religiões, nacionalidades e culturas. Certamente, é um extraordinário aprendizado. Entrar em contato com tantas culturas diversas é incrível.
São muitas datas importantes pelo mundo afora: o diwali  indiano; o Rosh Hashaná, que é o Ano Novo Judaico; Ano Novo Chinês; Halloween, americano e o Dia de los Muertos Mexicano, que também tem influência cristãs. Nessa lista inclui-se o Ramadã muçulmano.

Significado do Ramadã

O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico. É um período de reflexão, estudo e demonstração de fé.  Os praticantes do islamismo fazem jejum, que acontece enquanto há luz do dia.
O jejum também é algo que existe em outras religiões.
Em relação aos grupos vulneráveis, como crianças,  idosos e doentes, o jejum não é obrigatório. Grávidas estão isentas da prática.
Diante da preocupação não há que se falar em violação de outros direitos por causa do jejum.

Ramadã: a polêmica da internet e as práticas religiosas

A princípio, a grande discussão que gira em torno da religião, diz respeito à possível violação à igualdade de gênero.  
Alguns pontos tem destaque como a permissão dos homens em contraírem mais de um casamento.  Ademais, poderem se casar fora da religião e as mulheres não.
Mais uma vez o que não se deve confundir é religião com nacionalidade.
Alguns países árabes, em que a maior parte da população segue o islamismo essa possibilidade é viável.  Não é o caso do Brasil em que só é possível um casamento civil.  Os demais serão considerados uniões estáveis.
Em contrapartida, a maior parte das democracias modernas prevê separação, divórcio e o combate à violência doméstica e de gênero.  Não há escusas para os crimes e, mesmo que sigam a religião serão punidos com eventual violação.

Ramadã: a polêmica da internet e as práticas religiosas – Grupos extremistas muçulmanos

É certo que os muçulmanos ficaram estigmatizados por causa da violência e do terrorismo. Assim como em qualquer outra religião, ou grupo nacional, étnico existe a possibilidade de surgir grupos extremistas.
Por isso o generalismo é algo triste.  Preconceito, discriminação, segregação é algo sério.
Acredito que precisamos de união e não separação. Resignação, persistência e conhecimento para que as crianças possam formar uma nova geração. A tolerância, igualdade e diversidade são metas.
Finalmente, a liberdade de religião, assim como os outros direitos fundamentais devem fazer parte das nossas vidas.

Assinatura Raquel

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Olá! Para quem não me conhece, eu sou a Raquel. Sou advogada e tenho mestrado em Direito Internacional. Durante minha vida toda eu me mudei bastante, de cidades e de países. No Brasil morei em Fortaleza, Recife, São Paulo e Varginha. No exterior, Estados Unidos, em Ohio e na Califórnia, na Holanda e no Panamá. Criei o Leis pelo Mundo justamente para unir a minha experiência internacional e a minha carreira no Direito. Junto com minha família, marido e três filhos percebi que muitas pessoas têm dúvidas em relação à legislação internacional. Seja por conta de mudança, passeio, estudo ou mesmo curiosidade. Por isso resolvi unir essas informações e compartilhar por meio das redes sociais e de consultorias. Espero que você goste e que deixe sugestões, críticas e comentários!

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